quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ser professor ainda é o sonho de muitos jovens!

Salários baixos, desmotivação, falta de tempo para se especializar e uma imagem desgastada e desvalorizada. Os professores que estão na ativa sabem o que é ter uma rotina difícil e o senso comum leva a crer que essa profissão não é opção segura. Para muitos jovens, porém, apesar das dificuldades, o ideal de mudar os rumos da educação no Brasil os leva a querer atuar na área.

“Os professores de hoje têm vontade de fazer e mudar, mas estão afetados pelas dificuldades”, afirma a psicóloga e professora da Unicamp, especialista na área de educação e formação de professores, Ângela Fátima Soligo. “Já os jovens têm mais 'gás' e acreditam mesmo que vão efetuar mudanças”, diz. Para ela, o que importa para a nova geração de docentes é fazer a diferença. “O atrativo na educação é o próprio ato de educar”.

E foram esses motivos que criaram no relações públicas Renan Abdalla, 26, a vontade de ser professor. Quando ele decidiu seguir a profissão, antes mesmo de prestar vestibular, não se importou com brincadeiras do tipo "Como você vai viver?". “Sempre quis ser professor, não importava o que eu fizesse, que graduação escolheria, eu seria professor”, diz, entusiasmado.

Para ele, ser professor é ter o poder de mudar algo que não é aparente, demora para dar resultados, mas que é compensador: o desenvolvimento do conhecimento. “O professor é um facilitador do conhecimento. Ele abre os melhores caminhos. Daí, você escolhe qual quer seguir”, afirma.

Geração consciente

Esse entusiasmo e idealismo está formando a nova geração de docentes. “O que atrai esses jovens é a possibilidade de construção de algo maior”, diz a professora Ângela. Apesar disso, ela, que dá aulas para futuros professores, percebe que a nova geração tem consciência dos problemas que deve enfrentar.

“Eles sabem que ser professor é atuar com dificuldade, muitas vezes em lugares sem estrutura, com salários baixos”, diz Ângela. “Já vi muitos alunos desmotivados, porque a questão salarial e do crescimento da carreira desmotiva mesmo”. Sem contar a imagem do professor. “Hoje, a figura do professor não é apresentada como uma figura de valor”. Além disso, a professora acredita que os docentes têm menos autonomia dentro da sala de aula – situação diferente de alguns anos atrás.

Porém, Ângela conta que, quando eles começam a estagiar na área, esses jovens se apaixonam pela profissão. “O contato com o campo da educação mobiliza uma vontade de fazer diferença, de se aproximar do aluno e, por mais dificuldades que se tenha, a educação oferece muitas possibilidades”, reforça.

Para ela, os professores do futuro desejam salários melhores, uma carreira que forneça mais oportunidades de crescimento, mais tempo para se dedicar à própria formação – que deve ser contínua – e um vínculo mais acessível com o aluno.

Fonte: UOL Economia (10/06/2010)