quinta-feira, 29 de abril de 2010

A Imprensa nossa de cada dia

Para quem acredita que apenas na atualidade uma boa parte da imprensa corre para os braços daqueles que exercem o poder aderindo com extrema facilidade ao governante de plantão, tentando tirar da situação o máximo proveito possível, seja ele qual for, independente do personagem, da ideologia e das qualidades dessa "cabeça coroada", há exemplos interessantes na história.

O ano era 1815, o personagem, Napoleão Bonaparte. Apoiado por cerca de mil homens, o general foge do exílio na ilha de Elba. O rei Luís XVIII envia um exército para impedir que Napoleão se aproximasse de Paris.

Enquanto isso, um jornal parisiense, até então aliado do rei Luís, publicava em suas manchetes:

"O assassino fugiu do exílio."

"O monstro desembarcou na baía de São João."

"O canibal marcha sobre Grasse".

As tropas por sua vez receberam Napoleão Bonaparte com saudações alegres e respeitosas: "Viva nosso general!", "Viva nosso Imperador!"

O mesmo jornal de Paris, ao perceber que o avanço de Napoleão obtinha êxito e era inevitável, passou a publicar as seguintes manchetes:

"Nosso general Bonaparte ocupou Lyon."

"Napoleão vitorioso aproxima-se de Paris."

"Sua Alteza Imperial é esperada amanhã em sua fiel Paris."

"Viva Nosso Imperador Napoleão."

A História possui a capacidade de refrescar a nossa memória para constatarmos que infelizmente algumas coisas realmente não mudam.

É assim mesmo, "Viva o Imperador!". Pelo menos até que a coroa vá parar em outra cabeça.

Conclusão: Luís fugiu humilhado para a Bélgica.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O sentido da política é a liberdade

"A pergunta sobre o sentido da política exige uma resposta tão simples e tão conclusiva em si que se poderia dizer que outras respostas estariam dispensadas por completo. A resposta é: o sentido da política é a liberdade." Hannah Arendt

Quem estiver disposto a se abrir para o mundo intelectual de uma grande mulher, pensadora independente e comprometida com a verdade, vai ter muito o que explorar na obra de Hannah Arendt (1906-1975). Estudiosa da Filosofia e da Teologia que denunciou os regimes totalitários.

Segundo ela, governantes autoritários são a forma mais terrível da política, porque suprimem por completo a liberdade humana.

Ao mesmo tempo, suas palavras fornecem a coragem tão necessária para novos começos e para um agir político responsável em liberdade.

Apesar das experiências de calamidade que o homem moderno teve com a política, Arendt acredita "ser evidente que o homem é dotado, de uma maneira altamente maravilhosa e misteriosa, do dom de fazer milagre. O milagre da liberdade contido no fato de que cada homem é em si um novo começo".

O pensamento político de Hannah Arendt é independente e original. Ela é realista e idealista ao mesmo tempo.

Arendt acentua que "a liberdade e a espontaneidade dos diferentes homens são pressupostos necessários para o surgimento de um espaço entre homens, onde se torna possível a política, a verdadeira política, porque o sentido da política é a liberdade".

Sugestão de leitura: O que é a Política? Hannah Arendt

terça-feira, 27 de abril de 2010

Uma nova ética para o Homem desse Milênio

Uma oração, um convite, um momento de reflexão, para que todos compartilhemos a grande inspiração de fazer o bem aos outros.

QUE EU ME TORNE EM TODOS OS MOMENTOS, AGORA E SEMPRE,

UM PROTETOR PARA OS DESPROTEGIDOS,

UM GUIA PARA OS QUE PERDERAM O RUMO,

UM NAVIO PARA OS QUE TÊM OCEANOS A CRUZAR,

UMA PONTE PARA OS QUE TÊM RIOS A ATRAVESSAR,

UM SANTUÁRIO PARA OS QUE ESTÃO EM PERIGO,

UMA LÂMPADA PARA OS QUE NÃO TÊM LUZ,

UM REFÚGIO PARA OS QUE NÃO TÊM ABRIGO

E UM SERVIDOR PARA TODOS OS NECESSITADOS.

DALAI LAMA

Sugestão de leitura: Uma Ética para o Novo Milênio, Dalai Lama. Ed. Sextante

segunda-feira, 26 de abril de 2010

BRASIL entre o Passado e o Futuro

Em 2010, milhões de brasileiros serão chamados a participar do debate sobre os caminhos que o Brasil irá trilhar nos próximos anos. Não há dúvida de que a velocidade das transformações econômicas, sociais e políticas pelas quais o Brasil vem passando nos últimos anos ocorreu rápida demais, não permitindo uma reflexão mais profunda sobre esse período recente da nossa história.

De acordo com o cientista político e professor da USP, Emir Sader, "o Brasil vive atualmente um momento diferenciado de sua história política. Desde 1930 (início da Era Vargas), nosso país passou por imensas transformações, em um processo que manteve ao mesmo tempo, elementos de continuidade e elementos de ruptura. De país rural, tornou-se urbano. De agrícola, industrializado. De um Estado restrito às elites, passou-se a um Estado nacional. De um país voltado para o exterior, passou-se a outro voltado para si mesmo".

As pesquisas de opinião da grande mídia confirmam que para milhões de brasileiros o Brasil mudou e mudou para melhor. O futuro do povo brasileiro e do Brasil está em uma encruzilhada: "O Brasil do passado, marcado pela desigualdade e injustiça ou o Brasil do futuro, que irá aprofundar as transformações que levem à construção de um Brasil para todos - democrático, diverso, solidário e soberano."


Sugestão de Leitura: BRASIL entre o Passado e o Futuro - (Orgs. Emir Sader e outros) Ed. Perseu Abramo

domingo, 25 de abril de 2010

JK - Um homem, uma época, um país. Brasília 50 Anos



Juscelino Kubitscheck possui uma legião de admiradores. Muitos são famosos e conhecidos. A maioria é formada por cidadãos brasileiros anônimos. Todos compartilhando o mesmo respeito e a mesma admiração. Afinal de contas, a ousadia e a coragem sempre mereceram uma reverência em todas as épocas.

"Acho que o melhor presidente que o Brasil já teve foi JK. Não acredito em quem não tem objetivos, não tem projetos, não sonha alto. Eu acredito em gente como Juscelino."
(Luiz Inácio Lula da Silva)

"Amigos, o que importa é o que Juscelino fez do homem brasileiro. Deu-lhe uma nova e violenta dimensão interior. Sacudiu dentro de nós insuspeitadas possibilidades. A partir de Juscelino, surge um novo brasileiro."
(Nelson Rodrigues)

"Juscelino foi para a atividade pública o que Mauá representou para as atividades empresariais."
(Gilberto Freyre)

Sugestão de Leitura: JK O Artista do Impossível de Cláudio Bojunga (Prêmio Jabuti 2002, Melhor Biografia do Ano) - Ponto de Leitura

Paulo Freire - Hoje e sempre



"Afinal, minha presença no mundo não é a de quem se adapta mas a de quem nele se insere, é a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também da História."
(Paulo Freire)

As palavras do nosso saudoso mestre educador continuam nos inspirando. Sua obra é um chamado constante a todos aqueles que vislumbram a Educação como instrumento transformador da sociedade e da vida das pessoas. Educar para a libertação, para a cidadania plena, ser o sujeito da própria História. Eis os desafios lançados por Paulo Freire, hoje e sempre.







DECÁLOGO DO ESTADISTA


Alguns textos merecem ser lidos e guardados na memória, principalmente quando tomamos decisões que nos colocam no "olho do furacão". É o próprio autor que alerta: "A liderança é um risco, quem não o assume não merece esse nome".

DECÁLOGO DO ESTADISTA


CORAGEM – O pusilânime nunca será estadista. Churchill afirmou que das virtudes a coragem é a primeira. Porque sem ela, todas as demais, a fé, a caridade, o patriotismo, desaparecem na hora do perigo. Há momentos em que o homem público tem que decidir, mesmo com risco de sua vida, liberdade, impopularidade ou exílio. Sem coragem não o fará. Os cavalos e cachorros sentem-no, por isso, derrubam ou mordem os medrosos. Mesmo longe, chega ao povo o cheiro corajoso de seus líderes. A liderança é um risco, quem não o assume não merece esse nome.

TALENTO – Não há estadista burro. Há de ser talentoso, embora possa não ter cultura. Tiradentes e Juarez não tiveram cultura, mas foram estadistas, porque tiveram talento político. Talento é o dom de acertar. A política á a arte do bem-estar e da salvação popular. Político é aquele que tem talento de conseguí-la.

CARÁTER – Na conceituação de Milton Campos, o estadista tem “a posição de suas idéias e não as idéias de sua posição”. Não é um oportunista, o que se serve da política em lugar de serví-la. Político de caráter é fiel às idéias, não à carreira. Pode perder o poder, o emprego, a liberdade, mas não renega as idéias, não perde a vergonha. .

PACIÊNCIA – A impaciência é uma das faces da estupidez. Paciência é competência para fazer a hora, não se precipitar, seguindo a receita do Geraldo Vandré: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. O estadista tem a paciência de escutar, não é falastrão. Tem a santa paciência de escutar! Como peixe, o mau político apodrece pela cabeça, morre pela boca. Um jovem desejoso de se dedicar à política foi aconselhar-se com Sarmiento: “Coma-se la lengua”, recomendou o estadista argentino. Em política deve-se evitar ao máximo proferir palavras irreparáveis.

AUTORIDADE – A autoridade é um atributo inato. É consubstancial ao político. A competência funcional é dada pelo cargo, a autoridade é pessoal, o homem público é gratificado por ela. É imantação misteriosa e sedutora, irresistível, temperada de respeito e admiração. Homem iluminado pela autoridade é visto por todos, ouvido por todos, onde está é o pólo da atração.

ORDEM – São Tomaz de Aquino disse que a ordem é as coisas no seu lugar. Para isso é preciso hierarquizar e selecionar. É a capacidade de escolher. Quem confunde as coisas, desconhece prioridades, não tem senso de ordem. O estadista discrimina o essencial e o urgente para praticá-los. Exemplo prático de decisão que não é de estadista: a ponte Rio - Niterói. Isolada é importante, mas no contexto de outras, angustiosas e inadiáveis, desrespeitou a hierarquia e a ordem. Por saber disso, é que Kennedy afirmou que “governar è dirigir pressões”. Quem cuida de coisas pequenas acaba anão. É síntese da ordem o provérbio oriental: “Como meu pai negociava com poeira foi destruído por um golpe de ar”.

ESPERANÇA – O Estadista é um arquiteto da esperança. Sua legenda é a do herói: “Estou cercado. Eu ataco”. São Lucas é o evangelista mais querido porque é o profeta da esperança, o poeta silvestre de “olhai os lírios do campo”. A política é a esperança.


Ulysses Guimarães (Rompendo o Cerco. 2ª edição, 1978. Ed. Paz e Terra. p. 34)